Ofício enviado á CP, Secretaria de Estado dos Transportes do Ministério da Economia e CCDR-N. O documento constitui um protesto oficial por parte do MCLC relativamente á recente venda de automotoras LRV2000 estacionadas na Régua e também na Livração e que foram despoletadas pela CP de forma furtiva e sem ter tido em consideração uma eventual consulta previa aos vários parceiros intervenientes – municípios, movimentos e associações, população em geral – para  a possibilidade de aproveitamento destas automotoras em território nacional, nomeadamente nas regiões onde operaram.

MCLC_Carta_CP_Abril2015

no dia 17 de Fevereiro de 2014, em resposta a uma grave afirmação proferida pela CP através da sua pagina “Lugar à Janela CP” na rede social FaceBook, o MCLC enviou o seguinte ofício dirigido ao Presidente do Conselho de Administração da CP, com conhecimento para o Secretário de Estado dos Transportes e para o Presidente da CCDR-N:

Ofício MCLC – CP Lugar à Janela

Jorge Lopes apresentou a sua ideia no evento The Next Big Idea@Feira do Empreendedor. Consiste na criação de uma empresa para a exploração de viagens ferroviárias turisticas e com circulação nas linhas de bitola estreita. Neste ambito, é feita uma especial referencia á linha do Corgo em face das suas enormes potencialidades, mas o projecto está igualmente aberto a outras linhas de via estreita.
 
Publicado por: lgoncalves59pt | Novembro 30, 2012

apresentação do documentário sobre a LINHA DO CORGO.

Apresentação do documentário “LINHA DO CORGO – A HISTÓRIA, A VIDA E A MORTE”

Sábado, às 21H30, apresentação do filme/documentário com o titulo “LINHA DO CORGO – A HISTÓRIA, A VIDA E A MORTE”, no auditório da NERVIR, em Vila Real, um trabalho de  Luis Costa Ribeiro.
A apresentação terá lugar durante o programa da FAG (Feira de Artesanato e Gastronomia, certame de grande qualidade com a assinatura da NERVIR. Devido à programação do evento, esta apresentação terá lugar rigorosamente à hora marcada, 21:30 h.

Luis Costa Ribeiro: um profissional da radio que passou brilhantemente pelas rádios de Vila Pouca de Aguiar, Boticas, Montalegre, Valpaços, Macedo de Cavaleiros entre outras. Ingressou no jornalismo escrito, quando fundou um jornal próprio que ainda hoje existe em Vila Pouca de Aguiar (Mensagens Aguiarenses), transferindo-se um ano depois para o Correio da Manhã onde passou onze anos. Em 2007, cansado do jornalismo escrito, fundou a sua própria televisão, em Mirandela, na altura só através da Internet. Em 2008 realizou e produziu o seu primeiro filme, numa aldeia fronteiriça do noroeste TrasMontano – Meixide, no concelho de Montalegre. Uma longa metragem, baseada num história verídica após a guerra civil espanhola de 1914-18. Seguiram-se mais vinte produções em cinema, tudo filmes e documentários com história. Afirma que “Não fez, nem quer fazer nada que não tenha história.” 

Publicado por: lgoncalves59pt | Julho 10, 2012

REUNIÃO MCLC 21-07-12

REUNIÃO do MCLC
dia 21-07-12, 14:30h na estação de Vila Real

O MCLC quer crescer, e para isso precisa do apoio de todos aqueles que vivem na região servida pela Linha do Corgo, desde a Régua até Chaves. Para isso, vamos realizar uma reunião aberta a todos os interessados, em Vila Real. A reunião está agendada  para dia 21 de Julho de 2012 pelas 14h30 (Sabado)  junto á estação de Vila Real.  É importante podermos contar contigo !

Queres comparecer ?

O evento está publicado no FaceBook atraves do seguinte link e as pessoas querem ir á reunião devem dizer “eu vou“:

http://www.facebook.com/events/495796503769269/

Se por acaso nao conseguires aceder ao link ou não possuires uma conta no FaceBook, não tem problema: basta enviares um email para o nosso endereço oficial do MCLC onde deves mencionar  o teu nome e dizeres  “eu vou á reunião“: mclcorgo@gmail.com Receberás um email nosso de confirmação.

Voluntários para o projecto ferroviario do Corgo

O MCLC é um movimento jovem, somos o primeiro e unico movimento que decidiu constituir-se para lutar pelo regresso do comboio da Régua a Chaves. Este distrito precisa de reaver o seu sistema ferroviario ! Mas como deves entender, para que este objectivo possa tornar-se  realidade,  é necessária e decisiva a participação e o espirito voluntario de todos os cidadãos sobretudo os do distrito de Vila Real !  Na reunião de  21/07 falaremos sobre tudo isto e de como cada um de nós poderá participar neste projecto que certamente é único no género e de grande importancia para a região.

Nunca é demais repetir: o regresso do comboio à Linha do Corgo só depende do nosso empenho e entreajuda.

Obrigado pela tua participação.

Aparece e divulga !!

Movimento Cívico pela Linha do Corgo (MCLC)
https://linhaferroviariadocorgo.wordpress.com/

Publicado por: lgoncalves59pt | Maio 31, 2012

A locomotiva E211 e o turismo ferroviário….

A locomotiva E211 e o turismo ferroviário que nao soubemos fazer ….

Esta foi uma das locomotivas que, conjuntamente com outras semelhantes,  percorreu durante varios anos a Linha do Corgo. Eis um pouco da historia desta locomotiva, reconstituida a partir de varios excertos de informação colhidos aqui e acolá.

A locomotiva E 211 foi construída em 1923 pela Henschel & Sohn para os Caminhos de Ferro Portugueses, e integrou uma série de dezasseis unidades. Prestou serviços na Linha do Vale do Vouga e em 1975 foi transferida para a linha de Famalicão – Póvoa de Varzim.  Mais tarde é transferida para os depósitos centrais no Porto, Campanhã, fazendo uma última revisão a 5 de Julho de 1976.  A partir dessa altura é transferida para a Régua passando a prestar serviço na Linha do Corgo, essencialmente no transporte de mercadorias e de carruagens/wagons de trabalho. Circula pela última vez em 1981.

Três anos mais tarde a CP põe à venda 12 locomotivas a vapor não utilizadas, entre as quais a E 211. É comprada pelo GECP (Grupo de Estudos para os Caminhos de Ferro da provença). Entretanto, no dia 10 de Julho de 1986 é transferida para Vila Real de onde foi transportada por camião numa longa viagem até Mézel-Châteauredon onde chega no dia 18.  A partir daí  é transferida para Puget-Théniers, onde é feita uma nova revisão. É então colocada em circulação, fazendo parte do comboio turistico da linha ferroviaria “Train des Pignes” até 1992.

Seguem-se algumas imagens de postais dessa época, emitidos pelo GECP, onde podemos ver a nossa  locomotiva em circulação. 

Sabe-se que entretanto a locomotiva foi enviada para Itália para restauro total, nos estaleiros de Lucato Térmica em Castelletto-Monferrato.  Depois do restauro a locomotiva volta a Puget-Théniers no dia 3 de Dezembro de 2009, e é recolocada em serviço no “Train des Pignes” a vapor para a época de 2010 .

Finalmente, é altura de todos nós fazermos a nossa reflexão sobre este assunto….Já poderão imaginar o que muitos de nós, MCLC incluido, pensamos sobre a inoperancia, o desmazelo e a atitude criminosa quer dos governos quer de alguns municipios TrasMontanos, face ao desmantelamento levado a cabo na rede ferroviaria desta provincia, sendo o Corgo um bom exemplo disso: é que nem o turismo ferroviário foi permitido nesta nossa linha do Corgo ! Aos poucos individuos que ainda tentaram apresentar projectos de revitalização e exploração do Corgo para turismo ferroviario, foi-lhes dificultado o acesso….ou mesmo vedado.  A verdade é que esta vasta região TrasMontana, composta por zona de socalcos e ravinas, zona de planaltos e serras e a maior zona termal do país – uma região cheia de potencialidades paisagisticas e humanas – teria beneficiado muito caso o Corgo tivesse sido aproveitado (pelo menos) para um verdadeiro projecto de turismo ferroviario.  Todos ficaram a perder certamente. E as alternativas que alguns municipes encontraram (as ciclovias) nunca poderão preencher nem de perto nem de longe a lacuna assim deixada: foram opções incompetentes e absolutamente questionaveis, tomadas por pessoas com responsabilidades, mas sem qualquer sentido estrategico  para as sua terras.

Deixamo links para alguns vídeos disponibilizados via YouTube.

Em circulação na linha Train des Pignes:

Circulando em 19 de Maio de 2010:

Na fase de descarregamento da locomotiva na estação de Puget Teniers: 

E porque não rever esta nossa locmotiva ? Basta planear uma viagem a França, dirigirem-se aos “Chemins de Fer de Provence”, inscreverem-se  e recordar uma viagem a vapor de outros tempos. Deixamo-vos o endereço, com os horários e contactos. 

Lisboa, 31 de Maio de 2012
Luis Gonçalves
(MCLC)

Publicado por: lgoncalves59pt | Maio 29, 2012

Recrutamento de voluntários para a Linha do Corgo

AOS CIDADÃOS DO DISTRITO DE VILA REAL !!!

Recrutamento de colaboradores voluntários para a Linha do Corgo

  1.  se resides nos concelhos do Peso da Régua, Santa Marta de Penaguião, Vila Real, Vila Pouca de Aguiar ou Chaves,
  2. se crês no desenvolvimento sustentável de Trás-os-Montes e Alto Douro sabendo que para isso é FUNDAMENTAL termos uma alternativa ferroviária em Tras-os-Montes, 
  3. se acreditas e queres participar num projecto ambicioso que consiste na reconstrução da linha ferroviaria do Corgo, e no seu relançamento como linha ferroviaria moderna, adaptada aos tempos actuais, fornecendo serviços nas áreas do transporte de mercadorias, de passageiros e na exploração do turismo ferroviario em todo o distrito de Vila Real

então junta-te ao Movimento Cívico pela Linha do Corgo !  Somos um movimento jovem, o primeiro movimento que luta pelo regresso do comboio da Régua a Chaves.

Mas para que este projecto possa vir a tornar-se  realidade,  e sabendo que Portugal passa por grandes dificuldades e o Estado portugues deixou de garantir o suporte a estes serviços ferroviarios bem como a manutenção do seu valoroso  patrimonio,  é necessária e decisiva a participação de todos os cidadãos desta região de Tras-os-Montes !  Como todos os projectos, passará por varias fases e levará o seu tempo a atingir os resultados. No entanto, para esta  fase inicial, á semelhança do que acontece com tantos outros projectos ferroviarios noutros países,  é FUNDAMENTAL encontrar os esforços de todos, sendo para isso necessaria a atitude voluntária de cada um de nós.  

Por isso mesmo, entendemos que a execução bem sucedida do Projecto da Linha Ferroviaria do Corgo depende em grande parte dos esforços voluntários dos membros da sociedade civil do distrito de Vila Real (sem excluir a participação de outros cidadãos), numa ampla variedade de funções. Estamos abertos á participação maciça de:

  1. homens e mulheres na vida activa,
  2. de cidadãos reformados e que querem gastar o seu tempo livre de forma util e gratificante,
  3. de antigos trabalhadores reformados da CP, com especial relevo para aqueles que trabalharam na Linha do Corgo,
  4. de jovens estudantes ou não que queiram participar com entusiasmo num tipo de projecto pioneiro em Portugal,
  5. de jovens que queiram aproveitar parte das suas ferias ou fins-de-semana participando em acções e actividades em torno da temática ferroviária, nomeadamente do projecto ferroviário do Corgo.

Ao participar, por um lado estará a conhecer pessoas novas enquanto que por outro contribue com a sua experiencia e os seus conhecimentos. Talvez até venha a ganhar novos conhecimentos e novas capacidades, alargando assim o seu campo de experiência pessoal e quem sabe….poder até vir a perspectivar um futuro novo nesta área. Obviamente que numa missão de colaboração em atitude voluntária, algumas tarefas são mais populares ou interessantes, outras talvez não tanto. Mas há que ter em conta que o conhecimento necessario será adquirido em cooperação com os restantes membros. 

Todos nós começamos do zero, mas o mais importante agora é a sua atitude ou seja a sua vontade em cooperar como membro voluntario num projecto de grande interesse para o  distrito de Vila Real: o projecto de relançamento da Linha Ferroviaria do Corgo !  

Saibam como inscrever-se: enviem-nos uma mensagem de correio electrónico para o endereço abaixo assinalado (endereço oficial do MCLC) referindo:

  • a vossa intenção em colaborar neste projecto,
  • qual o local/zona do distrito de Vila Real onde moram,
  • a vossa disponibilidade,
  • quando vos dá mais jeito vir a Vila Real para conhecer, discutir e acompanhar regularmente o projecto e as acções a tomar,
  • um vosso contacto de email

e-mail: mclcorgo@gmail.com
GSM: 916 822 237 (Daniel Conde)

LUTA POR UM PROJECTO FERROVIARIO PARA O FUTURO  DA TUA REGIÃO !
LUTA PELO RELANÇAMENTO DA LINHA DO CORGO !!

NÃO BAIXES OS BRAÇOS !!!!

Movimento Cívico pela Linha do Corgo (MCLC)
https://linhaferroviariadocorgo.wordpress.com/

Publicado por: lgoncalves59pt | Maio 11, 2012

Excursão pela Linha do Corgo, 30 de Abril 2012

Excursão pela Linha do Corgo, 30 de Abril 2012

Realizou-se no dia 30 de Abril, por iniciativa iniciativa dos Carrileiros Portugal e no âmbito da IX Xuntanza de Trens,uma excursão naquela que foi uma das linhas mais belas de Portugal…a Linha do Corgo. O seu inicio teve lugar em Chaves aonde foi visitado o Núcleo Museológico de Chaves. Nesta secção pode apreciar-se diverso material ferroviário, especialmente dos Caminhos de Ferro do Estado – Direcção do Minho e Douro, a expensas de quem foi construída. Do material exposto destaque para três tipos de locomotivas de Via Estreita:- Locomotiva E 161 (1905) –
– Locomotiva E 41 (1904)
– Locomotiva E 203 (1911)
– Quadriciclo motorizado (início da década de 30)
– Ambulância postal APEyf 27 (1954)
– Bomba de incêndio manual
– Vagão de bordas baixas 3885014
– Vagão de bordas baixas 3886004…Após visita ao Núcleo Museológico de Chaves, seguiu-se em direcção á estação do Tamega (estação completamente restaurada, actualmente propriedade do Sr. José João Morais e onde se pode ver em exposição uma Locomotiva a vapor , carruagem e vagão), Vilarinho das Paranheiras, Vidago, Pedras Salgadas, Vila Pouca de Aguiar e Vila Real. Nesta ultima cidade foi possivel contemplar a beleza da locomotiva a Vapor Henschel & Sohn – Alemanha , E 169 (ex. M.D.409) de 1908  e que está exposta no jardim da estação de Vila Real num estado excelente – fruto do trabalho e dedicação de um maquinista reformado (Sr. Jaime).
Esta excursão contou proponderantemente com aficcionados do ferrocarril de Vila Real, Ourense, Madrid, Barcelona e Valência.
 
Seguem-se algumas fotografias publicadas no site  dos Carrileiros de Portugal:
 
Passeio pela Linha do Corgo (estação de Chaves)

Passeio pela Linha do Corgo (estação de Chaves)

 
Publicado por: lgoncalves59pt | Abril 1, 2012

1 de Abril de 1906 – O comboio chegou a Vila Real

1 de Abril de 1906
Há 106 anos o comboio do Corgo chegou a Vila Real

Até que enfim ! Foi esta a exclamaçao que se soltou do peito arfante do povo de Villa Real e se desprendeu dos lábios de todos nós, ao vermos chegar a dentro das agulhas da estação d’esta villa a primeira locomotiva, que triumphantemente rompa por entre allas espessas d’uma gente que em enthusiásticas e esfusiantes acclamaçoes victoriava todos aqueles que pela realisação da sua mais justa aspiração tinham com inteligencia e vontade trabalhado.

Era uma exclamação representante e significativa do salutar allivio que ao espirito dos que com ancia aspiravam ao usufruto das primicias d´ um bem entendido progresso chegava, que se ia perder ao ar alto abafada pela ensurdecedora e enthusiastica manifestação feita aos illustres engenheiros conselheiros Fernando de Sousa, Póvoas, Affonso Cabral e José Sarmento e a todos os homens publicos que pela sua situação em destaque no meio politico e social d´este paiz poderam e quizeram até á  encantadora capital de Tras-os-Montes trazer este grande elemento de progresso e ressurgimento economico á nossa provincia tão até hoje desprezada apesar de grandemente rica pela fertilidade do seu solo e de encantadoramente bela pela sua disposição dos seus terrenos.

Eram 11 horas menos alguns minutos, quando uma girandola anunciou a chegada do comboio á casa de guarda, nas Lameiras e 11 horas precisas quando entrou nas agulhas da estação. Parado o comboio em frente á plataforma da estação, foram erguidos muitos vivas ao srs Conde de Villa Real, conselheiro Antonio d´Azevedo, Teixeira de Sousa, Vargas, etc. E toda a assistencia numerosa e selecta, acolheu com uma prolongada salva de palmas os illustres engenheiros Fernando de Sousa, Gualberto Póvoas, Affonso Cabral e José Sarmento.

Não é fácil descrever a comoção e os frémitos d´alegria, que em si encerrou esta singular manifestação, em seguida á qual os dignos engenheiros se encaminharam, acompanhados de centenas de centenas e pessoas para a Casa de Raposeira, onde devia-lhe ser dado um almoço.

                                                                          *
Durante todo o percurso foram lançadas ao ar girandolas de foguetes, alguns dos quaes innundavam os ares de pequenos papeis que continham saudações a S.M d´El-Rei, a S.M a Rainha, engeneheiros e todas as pessoas que prestaram o seu concurso para a effectivação de tão desejado melhoramento.
Na estação da Povoação aguardava o comboio um banda de música que n´elle seguiu até á estação de Villa Real, onde tocavam cinco bandas que já de madrugada e ás 10 horas da manhã haviam percorrido as ruas da Villa.

                                                                           *
Desde o pontão de Peneda até á gare achava-se todo o recinto embandeirado e com galhardetes em postes de madeira, bem como o edificio da estação e a Casa da Raposeira, onde teve logar o almoço e que tão gentilmente foi cedida pelo seu proprietário, o nosso amigo sr. Antonio Vieira dos Santos.

                                                                           *
A concorrencia do povo d´esta Villa e das freguesias do concelho foi enorme superior á expectativa, pois aclcula-se que não estivessem menos de 8000 pessoas no recinto da estação, avenida e imediações.

in “O progresso do Norte”, Villa Real 5 de Abril de 1906


Publicado por: lgoncalves59pt | Janeiro 16, 2012

Sobre o Comboio Histórico de Via Estreita do Corgo

Carta Aberta: Hipocrisia do Conselho de Administração da CP

Fui recentemente confrontado, não sem algum choque, pesem embora anos de experiência como utente e como cidadão a respeito do modus operandi da CP, com uma notícia que dava conta da tentativa desta – galantemente gorada – em vender o Comboio Histórico de Via Estreita do Corgo para um qualquer museu no estrangeiro. Jacques Daffis, Vice-presidente da FEDECRAIL (Federação Europeia das Associações de Caminhos-de-Ferro Turísticos), com o qual tive já o prazer de trocar algumas impressões sobre a Linha do Tua, foi responsável por indagar junto do próprio Museu Ferroviário Nacional se este tinha conhecimento da tentativa trapalhona de venda da CP deste material único, os quais, mesmo apesar de terem interposto um pedido de cedência deste material, não haviam sido informados. Segundo o próprio, “Essa proposta pareceu-nos escandalosa, porque o material em via métrica português é raro e é uma composição que está em bom estado“. Ao que se apurou, uma porta-voz da CP terá tentado justificar esta trapalhada da seguinte forma: “Podendo haver interesse por alguma companhia ferroviária na sua colocação ao serviço para fins turísticos, a CP fez uma primeira auscultação do mercado para verificar a existência de eventuais interessados”. E é aqui que eu entro: tem graça, a mim ninguém me perguntou nada. À margem da minha actividade no Movimento Cívico pela Linha do Tua, do qual sou co-fundador, participei na 1ª edição do concurso nacional de empreendedorismo denominado “Realiza o teu Sonho”, da autoria e responsabilidade da associação Acredita Portugal. O projecto que levei a concurso teve o sugestivo nome de “Turismo Ferroviário na Linha do Tua”, e ficou em 3º lugar, entre centenas de projectos admitidos a concurso (vide http://www.acreditaportugal.pt/realiza-o-teu-sonho1/sumario-dos-projectos.php). Após receber o galardão em Julho de 2010, indaguei imediatamente o Conselho de Administração (CA) da CP sobre a sua disponibilidade e amabilidade em me receberem em reunião, para lhes poder ser apresentado o meu projecto, uma vez que tinha como ponto fulcral a cedência ou venda do mesmíssimo material histórico de que estamos a tratar nesta carta. Em correio electrónico de 1 de Outubro desse ano, a secretária do Vogal Dr. Nuno Moreira, do CA da CP, fazia-me chegar a deliberação deste membro da cúpula da arruinada empresa pública: Como é do seu conhecimento a Linha do Tua encontra-se interdita à circulação ferroviária. Nesse contexto, o projecto apresentado de exploração do comboio a vapor de via estreita na referida linha é inviável enquanto se mantiverem as actuais restrições, que, sendo alteradas, permitirão uma reavaliação do projecto. Não contente com esta desculpa esfarrapada, remeti novo pedido de audiência a 3 de Março de 2011, do qual não obtive ainda qualquer resposta. Como noticiou e muito bem o jornalista autor da peça pela qual soube desta ignomínia, só na França, Reino Unido e Alemanha, o turismo ferroviário emprega quase quatro mil pessoas, e rende anualmente 174 milhões de euros, por vezes em vias-férreas recuperadas de décadas de ruína com a ajuda de mão-de-obra voluntária. Convém ainda referir que algumas destas jóias industriais, paisagísticas e humanas, desenrolam-se em traçados de distância inferior a 16 km, que é aquela de que a Linha do Tua dispõe actualmente para circulações ferroviárias, entre o Cachão e Carvalhais, fora os 20 km entre a Brunheda e o Cachão – à espera de uma decisão advinda da barragem do Tua – e os 76 km amputados entre Carvalhais e Bragança em 1992, que incluem por exemplo o cume ferroviário português em Santa Comba de Rossas. Portugal possui 2 serviços turísticos ferroviários apenas, ambos no troço Régua – Pocinho, o mais ameaçado de extermínio na Linha do Douro. Entre os países francófonos da Europa, são 70 as empresas de exploração ferroviária turística, e na Espanha só a FEVE – maior operadora de Via Estreita do país de nuestros hermanos – conta com quase 10 destes serviços, de entre os quais 2 são comboios de luxo com programas de uma semana inteira. No País de Gales, o pequeno/grande projecto e exemplo de empreendedorismo e civismo da Welsh Highland Railway foi responsável por recuperar uma Via Estreita cuja linha há décadas havia desaparecido, graças a apoios comunitários, mas também a mecenas e voluntários de todos os quadrantes sociais; emprega 65 funcionários, gera anualmente 15 milhões de libras esterlinas de receitas para a economia local, e criou 350 postos de trabalho indirectos na região. A sua extensão é de 40 km – da Brunheda a Carvalhais, na Linha do Tua, são 37 km. No País Basco, existe uma automotora Allan em exibição que circulou anos a fio nas Linhas do Tua e do Vouga, para além de uma locomotiva a vapor que faz serviços turísticos, gratificantemente apelidada de “Portuguesa”; na Suíça, o comboio histórico do Vale do Jura circula com outra locomotiva a vapor que cruzou a orografia trasmontana décadas a fio; nos Andes, as “Xepas” – automotoras que serviram nas Linhas do Tua e do Corgo – escalam montanhas de emoções únicas; na África subsaariana, as mais potentes locomotivas diesel de Via Estreita que circularam em Portugal (1.000 cavalos de potência), sendo a Linha do Tua a última via que serviram, rebocam pobres carruagens apinhadas de gente; recentemente, outra locomotiva a vapor de Via Estreita foi desmantelada e levada do Pocinho para a Alemanha para restauro, enquanto as fantásticas carruagens italianas “Napolitanas” apodrecem com displicência no Tua, e o museu ferroviário de Bragança segue com mais de 10 anos de encerramento. Na qualidade de cidadão português trapaceado e negligenciado por um Conselho de Administração que esbanja nesciamente todos os anos o meu dinheiro de impostos, e que prefere ver material histórico ferroviário de Via Estreita exposto em museus estrangeiros, a rebocar comboios turísticos ou de passageiros no estrangeiro, ou a apodrecer e a cair aos pedaços em linhas de resguardo ou escondidos da vista em cocheiras espalhadas pelo país a fora, venho por este meio exigir uma satisfação. De quem, tanto faz, desde que tenha a vergonha e a decência de dar a cara por 30 anos de extermínio e escárnio do nosso património ferroviário de Via Estreita PORTUGUÊS, e explicar como é que é possível que certos gestores e governantes clamem por iniciativas privadas, quando ao mesmo tempo tecem todos os esforços e ardis por castrar todas elas sem um pingo de decência, honra patriótica, ou pura e simples vergonha na cara.

Mirandela, 12 de Janeiro de 2012
Daniel Conde
(MCLC)

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